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- Srta. Daddario* - a voz azeda do professor falou, chamando-me a atenção.
- Ah, sim. - guardei o livro rapidamente e ergui os olhos, notando toda a sala me encarando.
- A minha aula estava atrapalhando a sua leitura? - perguntou amargamente.
- Er... Não - falei baixando os olhos - senhor - acrescentei.
- Sabe o que vai acontecer? - perguntou.
- Sim, quer dizer, não. - respondi com pressa.
- Me acompanhe para fora da sala. - falou se pondo ao lado da carteira em um segundo. Comecei a levantar-me segurando o livro, enquanto a sala continuava a resolver aquela complicada equação escrita no quadro. - Ele fica. - relutantemente, soltei o exemplar de A Batalha do Labirinto na carteira e segui andando.
Os passos do sapato de couro falso do professor
- Quantas vezes você não já fez isso, Daddario? Sempre lendo na minha aula. Aposto que se revistar seu caderno só verei essas suas anotações bobas de literatura. - depois falou um xingamento daqueles.
Você deve estar pensando que sou uma garota-problema. Na verdade, acho que o Prepper me odeia, porque eu sou uma das melhores da turma da matéria dele. E também acho isso porque era a segunda vez naquela semana que ele me mandava para a sala do diretor.
---xx---
Depois de explicado tudo com o diretor, ele me mandou de volta para a sala. Ajustei meus óculos no nariz, reabri o livro e voltei à leitura. Pode dizer que eu procuro confusão, admito. Mas, bem... eu precisava ter um pequeno detalhe de rebeldia como nos livros. E era lendo que eu ganhava. Eu amava ler porque simplesmente, quando eu lia eu não era mais eu, eu nem sequer existia. Eu era uma personagem das histórias, a personagem. Não era mais uma coadjuvante da minha própria vida, estava no corpo de outra pessoa sabendo todos os seus pensamentos, memorizando tudo...
Quando eu lia, tinha um pouco de magia na minha vida.
Ao concretizar esse pensamento, algo sacudiu a escola por um mísero quarto de segundo, um vento gelado soprou.
Você sabe onde encontrá-la, uma voz soou na minha cabeça. Olhei em volta pra ver se era Thomas Chase, o garoto que gostava de pegar no meu pé que sussurrara aquilo. Eu sabia que não seria, porque era uma voz feminina. Como eu sabia que seria a voz da minha mãe, cuja eu nunca ouvira a voz pessoalmente, apenas em gravações. Ela abandonara a mim e a meu pai quando eu tinha 1 ou 2 anos, mas enfim...
- Encontrar o quê? - sussurrei em resposta.
- O x da inequação, srta. Daddario. - Prepper me lançou um olhar de acho-bom-se-comportar-pestinha e engoli em seco.
Você sabe onde encontrar a voz fez uma pausa longa demais para meus padrões a magia. Ela está no seu coração, em você.
A escola tremeu novamente e tudo que lembrei foi de segurar firme no livro. Depois tudo se apagou.
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