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11 de fev. de 2014

Rosas Vermelhas


Ariella respirou fundo, olhando para o céu escuro, com densas nuvens cobrindo as estrelas e a lua. Sentia-se melhor sabendo que não havia nada ou ninguém a observando, embora soubesse, pelas nuvens, que em breve cairia uma grande chuva. Apertou o casaco quente contra o corpo frio e apressou o passo, passando quase imperceptível pela rua, dobrando a esquina, cuja única iluminação era um poste oscilando a dez metros de distância. Enquanto corria na direção do mesmo, sentiu algo a segurando pelo tornozelo. Olhou para baixo, podendo ver parte do rosto de uma senhora, fracamente iluminado pelo poste.
– Tem um trocado para a pobre senhora, minha jovem? – a idosa possuía uma voz rouca, fraca e faminta, além de feições magras e cheias de rugas por toda a pele cor de caramelo. Ariella vasculhou a pequena bolsa que carregava a tiracolo, encontrando, depois de um tempo, o dinheiro do táxi de volta. Hesitou um pouco, temendo andar na chuva densa que viria.
– Olhe senhora – começou ainda hesitante, temendo magoar a idosa – Aqui está – decidiu-se, entregando-lhe os exatos trinta e cinco reais. Com certeza, a mulher precisaria mais do que ela. A senhora segurou a mão de Ariella firmemente, embora sua mão fosse apenas pele e osso.
– Deus lhe pague, minha querida – murmurou, puxando o rosto de Ariella mais para frente, e depois, largando sua mão. A garota voltou a sua caminhada apressada.
Após algum tempo, tirou a mão que havia sido tocada do bolso, surpreendendo-se ao ver uma pequena e bela rosa vermelha. Como ela sabia das rosas? Decidiu que não importava, mas passou o resto do longo caminho com isso na mente. Ao chegar ao cemitério, frio e vazio para os outros, mas aconchegante para ela, nem se deu ao trabalho de procurar o nome, já havia decorado o lugar da lápide. Ajoelhou-se em frente ao túmulo, sentindo uma quente e grossa lágrima cair na bochecha. Tirou a rosa do bolso e pousou-a abaixo da inscrição na lápide.
– Bem – começou, sorrindo um pouco – Hoje conheci uma mulher, ela não tinha nada. Ela me pediu dinheiro, você sabe, é difícil até para mim consegui-lo. Era o dinheiro da semana, mas eu a entreguei mesmo assim. Mas olhe, surgiu uma rosa. São suas favoritas, não são? Ah... – suspirou pesadamente, vendo sair a sua respiração como névoa a sua frente, e mexeu no cabelo – Ainda sinto sua falta. Eu fugi do seu marido poucas semanas após você morrer. Ele me maltratava – sacudiu a cabeça – Sinto muito. Adeus, mamãe.

Enxugou o rosto, a essa altura, molhado de lágrimas, e saiu, tentando fugir da chuva. Estava tudo bem, valera à pena.

8 comentários:

  1. Espera, a mendiga deu a rosa pra ela? Ou ela já tinha? Essa é a continuação daquela outro, não é? Seja como for, é demais, adorei, espero que escreva mais *---*.
    Beijos °ᵕ°
    u-nicorn.tk

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    1. Perguntas base que o Globo Repórter não pode responder essas rsrs A mendiga deu a rosa para ela, foi meio que um agradecimento, tudo o que ela tinha, e acabou sendo uma coincidência, tal... Que bom que gostou :3
      Beijos

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  2. Amei o final, , mais precisamente as três últimas linhas.
    Foi muito amável essa rapariga por ter dado o dinheiro, não seriam todos que faziam o mesmo
    querosabertudo-k.blogspot.com

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  3. Cara eu fiquei tipo... Triste :c
    Tu escreve muito bem, eu amei o texto ♥
    Gosto de escrever mas tem uma certa preguiçã que não deixa sabe?
    E eu acho que eu jamais daria o dinheiro que me restava para uma velha senhora. Preciso mudar isso.
    Beijos ♥

    listencilla.blogspot.com.br

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    1. O texto expressa o que não podemos fazer, porque eu também não daria dinheiro para a senhora, imagino que nem a própria personagem também não daria, mas ela estava tão perturbada que mal se importou... Também preciso mudar isso e parecer um pouco mais com a Ariella.
      Beijos ♥

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  4. Amei o texto, a mensagem que ele nos transmite é realmente fantástica, como você disse no comentário a cima a personagem entrega todo seu dinheiro a senhora e depois fica meio que arrependida daquilo mesmo sendo algo considero uma boa ação pela maioria das pessoas. Nas últimas linhas a personagem já não se refere mais a seu pai como "pai" e diz apenas "seu marido" o que dá para ver que eles não tem uma relação muito boa. A mistura da boa ação com a vida perturbada que a personagem tenta levar é perfeita, igualmente ao modo como escreve, aprecio muito o fato de que você liga os detalhes ao sentido do texto. Você escreve divinamente!

    Beijos,
    Amanda | my-alll.blogspot.com

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    1. Quando eu comecei o texto, mal imaginava como seria, era para minha aula de Produção Textual, mas no fim, bem... Acabou sendo algo assim, um texto para reflexão. As últimas linhas deixam uma parte mais em branco, porque até eu mesmo me pego pensando se era o pai dela ou padrasto, mas ok... Obrigada pelo elogio ♥
      Beijos

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  5. Sabe, Kalyn, pude imaginar cada detalhe deste conto incrível... Pude mesmo sentir em mim os sentimentos da protagonista! Ariella, aliás, era uma boa pessoa. Teve seus sofrimentos, mas eles valerão a recompensa. Valera a pena e continuará valendo a pena.

    Beijos ♥ Jeito Único

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