Ariella respirou fundo, olhando para o céu escuro, com
densas nuvens cobrindo as estrelas e a lua. Sentia-se melhor sabendo que não
havia nada ou ninguém a observando, embora soubesse, pelas nuvens, que em breve
cairia uma grande chuva. Apertou o casaco quente contra o corpo frio e apressou
o passo, passando quase imperceptível pela rua, dobrando a esquina, cuja única
iluminação era um poste oscilando a dez metros de distância. Enquanto corria na
direção do mesmo, sentiu algo a segurando pelo tornozelo. Olhou para baixo,
podendo ver parte do rosto de uma senhora, fracamente iluminado pelo poste.
– Tem um trocado para a pobre senhora, minha jovem? – a idosa
possuía uma voz rouca, fraca e faminta, além de feições magras e cheias de
rugas por toda a pele cor de caramelo. Ariella vasculhou a pequena bolsa que
carregava a tiracolo, encontrando, depois de um tempo, o dinheiro do táxi de
volta. Hesitou um pouco, temendo andar na chuva densa que viria.
– Olhe senhora – começou ainda hesitante, temendo magoar a
idosa – Aqui está – decidiu-se, entregando-lhe os exatos trinta e cinco reais.
Com certeza, a mulher precisaria mais do que ela. A senhora segurou a mão de
Ariella firmemente, embora sua mão fosse apenas pele e osso.
– Deus lhe pague, minha querida – murmurou, puxando o rosto
de Ariella mais para frente, e depois, largando sua mão. A garota voltou a sua
caminhada apressada.
Após algum tempo, tirou a mão que havia sido tocada do
bolso, surpreendendo-se ao ver uma pequena e bela rosa vermelha. Como ela sabia
das rosas? Decidiu que não importava, mas passou o resto do longo caminho com
isso na mente. Ao chegar ao cemitério, frio e vazio para os outros, mas
aconchegante para ela, nem se deu ao trabalho de procurar o nome, já havia
decorado o lugar da lápide. Ajoelhou-se em frente ao túmulo, sentindo uma
quente e grossa lágrima cair na bochecha. Tirou a rosa do bolso e pousou-a
abaixo da inscrição na lápide.
– Bem – começou, sorrindo um pouco – Hoje conheci uma
mulher, ela não tinha nada. Ela me pediu dinheiro, você sabe, é difícil até
para mim consegui-lo. Era o dinheiro da semana, mas eu a entreguei mesmo assim.
Mas olhe, surgiu uma rosa. São suas favoritas, não são? Ah... – suspirou pesadamente,
vendo sair a sua respiração como névoa a sua frente, e mexeu no cabelo – Ainda sinto
sua falta. Eu fugi do seu marido poucas semanas após você morrer. Ele me
maltratava – sacudiu a cabeça – Sinto muito. Adeus, mamãe.
Enxugou o rosto, a essa altura, molhado de lágrimas, e saiu,
tentando fugir da chuva. Estava tudo bem, valera à pena.
Espera, a mendiga deu a rosa pra ela? Ou ela já tinha? Essa é a continuação daquela outro, não é? Seja como for, é demais, adorei, espero que escreva mais *---*.
ResponderExcluirBeijos °ᵕ°
u-nicorn.tk
Perguntas base que o Globo Repórter não pode responder essas rsrs A mendiga deu a rosa para ela, foi meio que um agradecimento, tudo o que ela tinha, e acabou sendo uma coincidência, tal... Que bom que gostou :3
ExcluirBeijos
Amei o final, , mais precisamente as três últimas linhas.
ResponderExcluirFoi muito amável essa rapariga por ter dado o dinheiro, não seriam todos que faziam o mesmo
querosabertudo-k.blogspot.com
Cara eu fiquei tipo... Triste :c
ResponderExcluirTu escreve muito bem, eu amei o texto ♥
Gosto de escrever mas tem uma certa preguiçã que não deixa sabe?
E eu acho que eu jamais daria o dinheiro que me restava para uma velha senhora. Preciso mudar isso.
Beijos ♥
listencilla.blogspot.com.br
O texto expressa o que não podemos fazer, porque eu também não daria dinheiro para a senhora, imagino que nem a própria personagem também não daria, mas ela estava tão perturbada que mal se importou... Também preciso mudar isso e parecer um pouco mais com a Ariella.
ExcluirBeijos ♥
Amei o texto, a mensagem que ele nos transmite é realmente fantástica, como você disse no comentário a cima a personagem entrega todo seu dinheiro a senhora e depois fica meio que arrependida daquilo mesmo sendo algo considero uma boa ação pela maioria das pessoas. Nas últimas linhas a personagem já não se refere mais a seu pai como "pai" e diz apenas "seu marido" o que dá para ver que eles não tem uma relação muito boa. A mistura da boa ação com a vida perturbada que a personagem tenta levar é perfeita, igualmente ao modo como escreve, aprecio muito o fato de que você liga os detalhes ao sentido do texto. Você escreve divinamente!
ResponderExcluirBeijos,
Amanda | my-alll.blogspot.com
Quando eu comecei o texto, mal imaginava como seria, era para minha aula de Produção Textual, mas no fim, bem... Acabou sendo algo assim, um texto para reflexão. As últimas linhas deixam uma parte mais em branco, porque até eu mesmo me pego pensando se era o pai dela ou padrasto, mas ok... Obrigada pelo elogio ♥
ExcluirBeijos
Sabe, Kalyn, pude imaginar cada detalhe deste conto incrível... Pude mesmo sentir em mim os sentimentos da protagonista! Ariella, aliás, era uma boa pessoa. Teve seus sofrimentos, mas eles valerão a recompensa. Valera a pena e continuará valendo a pena.
ResponderExcluirBeijos ♥ Jeito Único