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30 de mar. de 2014

02. Invisível


O dia 280 seria mais um dia de rotina para Grace. Não foi. Rotina seguida – uma hora a menos até agora – até as cinco e meia da tarde. Grace fora deixada na biblioteca, Savannah notara sua ausência, dois dos seguranças – e uma enfermeira com o sedativo temporário – foram até o muro principal para levarem Grace de volta para dentro da mansão, mas... Ela não fora encontrada. Soou um alarme pela Mansão Z, que pela primeira vez, tinha médicos, cientistas, seguranças e Savannah correndo para todo lado como uma massa só, em busca de Grace.
A garota, na verdade, havia conseguido ficar invisível em um dos exercícios dois dias antes – dia 278 –, mas assim que percebeu, tentou conter e voltar a ficar visível. Perdeu meia hora – que planejara não perder – de sono naquela noite, mas quando foi posta para dormir e deixada sozinha no seu quarto, havia começado a praticar. Nos últimos dois dias de treinamento, demonstrara pouco progresso, mas em seu quarto, havia conseguido manter-se fora de vista por até meia hora, tempo suficiente, no dia 280, para fugir para um ponto não visitado – a seção de pesquisas, onde só entrara no dia que fora testada pela primeira vez, atordoada e perdida. Na verdade, ela apenas queria desaparecer por algum tempo, e aquele era o último lugar onde iriam procura-la.
Grace abriu a porta de vidro cuidadosamente, mesmo não sendo vista, e entrou sorrateiramente, novamente esquecendo-se de como estava. Perambulou um pouco pela sala branca e cheia de tubos de ensaios – uns vazios, outros cheios de substâncias verdes estranhas, alguns com seu sangue –, monitores de computadores, diários de pesquisa, microscópios de última geração, e um telão de comunicação. Grace abriu a gaveta da escrivaninha mais próxima, surpreendendo-se ao perceber que a maioria das informações contidas nas pastas era sobre ela. Abriu uma ficha que dizia no envelope, as palavras “Voluntários para programa de testes”
Lauren Von Pierce – NÃO COMPATÍVEL
Steve Von Pierce – COMPATÍVEL
Giovanni Campbell – NÃO COMPATÍVEL
Morgan Chase – COMPATÍVEL
OBSERVAÇÃO: APRESENTA SINTOMAS DE IvSoh
Grace permaneceu com o olhar fixo no nome de Morgan Chase, sabendo que a informação ao lado – “apresenta sintomas de IvSoh”, palavras completamente sem sentido para ela – possuía alguma importância sobre os demais. Analisou a foto do arquivo da garota, cabelos castanhos claros avermelhados, olhos castanho-esverdeados claros e grandes, medidas de rosto proporcionais, nada que a diferenciasse das demais ruivas que ela já havia visto na vida. Ficou parada por algum tempo, tentando imaginar para exatamente o quê aquelas pessoas eram voluntárias. Foi quando passou para a segunda pasta. “Análise de Grace”
Primeira semana: 60 kg, 1,65m.
Segunda semana: 55 kg, 1,66m.
Terceira semana: 50 kg, 1,67m.
Quarta semana: 48 kg, 1,68m.
Quinta semana: 48 kg, 1,68(0,5)m.
(...)
Trigésima nona semana: 47 kg, 1,75m.
Grace ficou espantada ao conferir a última medida. Havia crescido dez centímetros desde que entrara ali, mas por quê? Como? E como explicar seu peso? Estava quase desnutrida, em comparação ao seu peso de outrora. Examinou as fotos que tirava semanalmente – antes, achava que eram coisas idiotas, mas agora, ela percebia a diferença – mais assustada do que o comum. Sua primeira foto, tirada no dia em que fora testada, mostrava uma garota de cabelos castanhos longos e claros, olhos castanho-mel, nem muito escuros, nem muito claros, mas agora, seus olhos estavam irreconhecíveis, de um tom azul claro – como se ela fosse cega – e o cabelo havia enegrecido ao máximo. Os traços do rosto de Grace estavam mais finos, ela simplesmente não se reconhecia.
Sentiu uma mão segurar a manga de seu vestido branco comprido – todos eram iguais, de forma que Grace nunca sabia quando estava repetindo ou não –, que havia se materializado visivelmente.
“Oh droga”, Grace xingou mentalmente ao dar de cara com os olhos perfuradores de Savannah.
- Não conte a ninguém o que leu aqui. Agora vamos, porque, para eles, você estava escondida no seu quarto, mocinha. Precisamos conversar – Savannah a puxou para o corredor, deixando uma Grace confusa na familiar “sala dos sermões”.
Por que Savannah se referira à sua equipe como eles, sendo que ela fazia parte da mesma?
Notas finais
O que eu posso dizer além do fato de que Savannah é minha personagem favorita? Eu amo essa cientista, bitch please! Ah, e sobre o atraso na postagem, foi um acidente, vou tentar não fazer de novo.

Um comentário:

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