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4 de abr. de 2014

03. A história da Ruiva

Notas iniciais
Como alguém consegue se meter em encrenca em um supermercado? Sendo eu! Ok, nobody yes door. Eu estou tão livre, leve e solta porque a Morgs aparece nesse capítulo :3 Ok, vou me retirar, aproveitem.

Morgan estava entediada e recebendo bolinhas de papel nas costas de seis em seis segundos, jogadas por Steven. O Von Pierce não a deixava em paz por nem um segundo, embora eles fossem amigos e vivessem na mesma casa. Entre o cochilo de História e o de Biologia, um avião de papel – mais bem feito do que se fosse de verdade – pousou sobre sua mesa, e ao abri-lo, reconheceu a letra elegante de Lauren, a irmã de Steven.
Ei Morgan, a senhorita Hernandez está na porta, chamando você, sua surda.
A senhorita Hernandez era a enfermeira da escola, uma descendente argentina sempre gentil com Morgan, mesmo a garota não sabendo o motivo. Principalmente nas últimas semanas, quando ela fazia assíduas visitas à enfermaria, devido a algumas coisas estranhas que vinham acontecendo com ela – sua pele estava mais seca, resistente e esverdeada do que o comum, os cabelos começavam a cair com frequência, a garganta ficava cada dia mais seca e podia jurar que seus olhos castanhos estavam ficando mais amarelados.
- Com licença, senhora Page, preciso de Morgan. – a enfermeira colocou a cabeça para dentro, repetindo pela terceira vez o pedido.
- Morgan, por favor, acompanhe a senhorita Hernandez até a enfermaria – a professora pediu, e ao passar pela carteira de Lauren, Morgan sentiu o olhar perfurante de Lauren, que praticamente gritava para ir atrás da prima.
Ao chegar à enfermaria, Morgan sentou-se na maca mais próxima da porta, ficando com as pernas de fora, balançando como as de uma criança.  A enfermeira tirou seu cardigã, deixando os braços – que ela escondia da família – expostos. A pele de Morgan ainda tinha manchas esverdeadas, enquanto o resto dela parecia que ficava cada vez mais pálido. A senhorita Hernandez apelidara o jeito como a pele dela estava de “couraça de rinoceronte verde”, três dias antes.  Foram-lhe receitados dois comprimidos cor-de-rosa por dia, mas eles estavam aumentando o efeito, e Morgan desistira de toma-los. Participara do teste da vacina por aquele motivo, nenhum outro além desse.
- Está coçando? – senhorita Hernandez perguntou para Morgan, que negou com a cabeça. – Lhe chamei para falar daquele projeto para o qual se voluntariou.
- O teste da vacina? – Morgan esticou a cabeça na direção da enfermeira, se sentindo um pouco mais esperançosa.
- Sim. Acho que esse teste pode te ajudar muito com os problemas que anda tendo.
- Quando preciso ir?
- Na verdade, temos que estar lá em vinte minutos, por isso a tirei daquela aula – olhou para o relógio no pulso, parecendo nervosa por estar em qualquer que fosse “lá”, já que ela havia coletado o sangue de Morgan, Lauren, Steven e um garoto chamado Giovanni na enfermaria, não no centro das pesquisas. – E estamos atrasadas! Vista esse sei-lá-o-quê logo e vamos – apontou para o cardigã caído ao lado de Morgan.
- Para onde? – a garota perguntou enquanto vestia-se e saía pelos fundos da enfermaria, seguindo a senhorita Hernandez.
- A Mansão Z – Morgan teve a impressão de ver uma chama de fúria e entusiasmo passar pelos olhos da enfermeira, por isso manteve-se calada. – Sem mais perguntas.
Fazia uma semana e meia que Morgan começara a apresentar sintomas estranhos. Três dias depois, a senhorita Hernandez informou os alunos de um teste de vacina, e ela foi a primeira a voluntariar-se. Morgan, os irmãos Von Pierce e Giovanni foram os únicos que na hora do almoço do dia seguinte, tiveram o sangue retirado pela enfermeira e foram examinados singularmente por dois homens desconhecidos – médicos, segundo senhorita Hernandez, mas Morgan sabia que não. Agora, ela fora a escolhida, e sabia que seus problemas tinham algo haver com isso.
Vinte minutos depois, o carro velho e com cheiro de comida para gato e álcool em gel da senhorita Hernandez parou em frente a um portão preto e enorme, similar ao de uma prisão, à beira de uma avenida muito movimentada no centro da cidade. Ao descer do carro e olhar para cima, Morgan viu um rosto pendurado bem no alto no muro – tão gigante que parecia tocar o céu, mas ali estava uma garota provando-lhe o contrário –, com braços apoiados. Ao ser puxada pela enfermeira, não conseguiu gravar muito bem o rosto, apenas os olhos, azuis tão claros que pareciam cegos. Grace também a notou, assustada com o fato de alguém ter olhado para cima.
A senhorita Hernandez falou algo ao interfone próximo ao portão da Mansão Z, e Morgan pôde ver, no alto, uma cabine de segurança, onde uma espécie de porteiro armado falava por um walkie talkie com a enfermeira. Os portões foram abertos automaticamente, e senhorita Hernandez puxou Morgan pelo braço para dentro.
Alguns minutos depois – após o tradicional sermão de Grace –, Morgan e Grace foram colocadas em cantos opostos da mesma sala. Retiraram o sangue de Grace, e aos seus olhos, transformaram algo presente nele em um líquido âmbar, injetado em oito doses em Morgan, assustada e amarrada do outro lado da sala branca. Ela se contorcia e gritava de dor e agonia a cada injeção que recebia, fazendo Grace desejar, pela garota, que houvesse alguém para dizer-lhe que ela era uma boa garota, que ia passar, que tudo ia ficar bem. Grace desejou que houvesse alguém para sussurrar mentiras consoladoras para Morgan, enquanto a mesma só desejava acabar com toda aquela dor.

Mas mesmo assim, Morgan foi aprisionada, furada com agulhas, e tratada como um experimento de laboratório.
Notas finais
Espero que tenham gostado. Fiz um "talk show" nesse link, contém alguns spoilers, mas se quiser ver, vá em frente. Até a próxima >3<

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