O dia perfeito para escrita

Acordo tarde, lá pelas nove da manhã, e passo um bom tempo na cama antes de criar vontade para sair da mesma. Passo um bom tempo rondando a casa até finalmente tentar parecer gente. Ugh, feriados me deixam tão sonolenta e preguiçosa, deve ser a semelhança com sábados. Só pode.
Fico algum tempo nessa inércia até que meu primo aparece para ficarmos na chuva. Uma das coisas que mais aprecio é a simplicidade das coisas, entre elas a chuva. É algo tão simples ficar correndo, sentado ou rindo enquanto gotas caem no seu corpo e parece que terá uma hipotermia de tanto frio. É algo bom, no fim das contas. Apenas viver sem ter um motivo para tal. Acontece que a chuva é linda demais, perfeita demais, singular demais para ser descrita. Embora eu ache que, se fosse fazer um poema para ela, seria com vocabulários e enigmas simples, porque é isso que ela pede. Algo completo que todos possam entender, porque a chuva (a boa) é universal. Aqui, nos países desenvolvidos ou sub-desenvolvidos, ela é a mesma. Para mim, para você, para qualquer um, sem nenhuma distinção. Ela se faz para ser entendida por todos.
Logo depois, fazemos uma pausa, e é quando a chuva engrossa. A água da bica é forte o suficiente para me derrubar, as gotas fazem um barulho tão bom que nem a melhor orquestra poderia reproduzir um som tão animador. Elas me abraçam, abraçam minha pele, abraçam tudo que há em mim. Me lembram uma época feliz, pré-timidez, antes de saber coisas sobre o mundo. Pensando bem, aquele é meu tipo de dia favorito. Passa mais lentamente, eu consigo enxergar tudo até sem óculos, como qualquer um.
Aqueles dias de chuva me lembram como é ser aparentemente igual a todos, sem ser julgada, mas diferente à maneira singular do ser humano.
No fundo da minha mente, eu penso. Esse é o dia perfeito para a escrita, minha mente diz e tudo o que eu posso fazer é concordar.